Depois de passar 76
horas no ônibus e ficar quase 4 dias inteiros rodando pelas estradas
brasileiras e paraguaias, fiquei com medo do que nos aguardaria quando
retornasse a Belo Horizonte.
Por vários momentos,
ficava olhando pela janela e pensando naquela experiência que vivenciava. Antes
do jogo, pensava que oito milhões de pessoas gostariam de estar naquele
estádio, naquele momento, no meu lugar. Nunca havíamos disputado uma final de
Libertadores e apenas duas mil pessoas estavam ali. Era um privilegio que não
imaginava que teria.
Essa ficha caiu quando o
jogo começou e procurei fazer o meu melhor. Cantei o máximo que pude, apoiei o
tempo todo, sempre pensando que eu não poderia ficar calado, pois milhões de
pessoas queriam cantar, queriam apoiar, queriam estar ali para ver o sonho
acontecer. E cantei.
Quando o jogo acabou, vi
pessoas jogando a toalha sob o argumento de que o “Galo era sempre assim”.
Outros lamentavam que o jogo será no Mineirão e não no Horto. E alguns
afirmavam que o Galo seria o campeão “com certeza”.
Juro que eu não sabia o
que pensar. Até que eu vi o mascote do time deles correndo pelas arquibancadas
segurando uma réplica da taça, junto com outras crianças que gritavam que o
Olimpia era o campeão da Libertadores 2013.
E aí eu tive a certeza de que vamos virar esse
jogo. Não é justo com tudo o que aconteceu.
Porque não pode ser justo um time daquele país corrupto e com uma mentalidade tão tacanha e violenta levantar o caneco.
Demoramos 24 horas para
fazer BH – Foz do Iguaçu, onde dormimos. Saímos 11 horas do hotel e só chegamos
ao estádio às 19h, pois fomos parados por quatro vezes por policiais nas
estradas paraguaias.
Vejam bem. QUATRO
paradas. E em TODAS elas fomos obrigados a pagar propina para continuar com a
viagem. Não pense que era problema na documentação do ônibus. Era bandidagem
mesmo, descarada.
Em uma parada,
recolheram uma caixa de isopor VAZIA. Propina. Depois alegaram que faltava um
carimbo de autorização. Propina de novo. Em uma delas, após ver que estava tudo
certo, eu vi o policial paraguaio cobrar CARTÃO DE VACINAÇÃO do motorista do ônibus.
E como não tinha, propina. No total,
considerando as três paradas da volta do estádio, foram pagos R$ 3.800,00 (TRÊS
MIL E OITOCENTOS REAIS) só em propina para a polícia deles.
O engraçado é que esses
bandidos não faziam nada com CRIANÇAS DE 10 ANOS que conduziam motos. Cheguei a
ver pessoas vendendo armas. Mas eles só queriam o nosso dinheiro.
Pedimos escolta policial
(o valor da propina está incluído no valor acima) e isso era feito com o carro
deles atrás do nosso ônibus. Apenas quando chegamos a Assunción, apareceu um
carro da polícia que estavam na frente do ônibus, com a promessa de que iriam
fazer um caminho alternativo para que não passássemos no meio da torcida deles.
Só que o carro que
estava na frente simplesmente entrou em uma via a esquerda e deixou nosso ônibus
a deriva. Andamos por alguns quarteirões e só depois de um bom tempo, o carro
retornou a escoltar, porém, em direção a torcida deles. Sim, vocês leram certo.
Fomos levados para o meio da torcida deles.
Conseguimos chegar ao
estádio, mas tomamos pedradas no ônibus. Na entrada do estádio, bafômetros.
Tive que soprar duas vezes, desembolar faixas duas vezes, para ser extorquidos
novamente. Um copo de refrigerante quente que estava sendo vendido inicialmente
por 5 reais, passou a ser vendido por 20 reais. Um pão velho com uma salsicha
(que vc escolhia pela cor) eram vendidos por 20 reais.
Comprar era questão de
escolha. Você poderia passar fome ou não. Mas tudo era vendido por preços
abusivos.
Além das pedradas na
chegada ao estádio, fomos alvejados dentro do estádio também. Jogavam pedaços de
biscoito, copos com urina, bitucas de cigarro acesas. E a polícia virou o
rosto, deixando tudo acontecer.
Ficamos presos no
estádio por quase 1 hora e saímos do estádio... com a torcida deles. Andamos da
saída do portão até onde estavam os ônibus com torcedores do Olimpia andando no
mesmo espaço. Na saída do ônibus, mais pedras.
O pior era a tensão no ar. Víamos que eles estavam se preocupando com algo,
como se planejassem algo. E a noticia de que os ônibus da Galoucura foram alvos
de uma emboscada chegou na manhã do outro dia quando chegávamos a Foz do
Iguaçu.
Enfim, não havia clima
de paz no país. Fomos extorquidos pela PM deles, alvo de pedras, polícia
jogando nosso ônibus no meio da torcida deles, o tempo todo havia um clima
tenso.
E agora, some-se a isso a arrogância deles. Já tem cartaz com o time deles escrito campeão da Libertadores. Houve festa na cidade de campeão. Para eles é certo que o título será paraguaio.
Depois, na volta, cheguei
a twittar, assim que cheguei em Foz “Torcida do Galo, eu so peço duas coisas: 1)
acreditem 2) Façam os paraguaios voltarem chorando. Ninguém merece o q passamos
neste país”.
Pois é o quero. Reciprocidade. Só isso.
Fomos tratados
como cachorros lá e explorados. Não vamos deixar que o bandidismo deles vença.
Não vamos
cair na onda de quem viajou de avião com a delegação do Galo e não passou pelas
ruas.
Foram 76
horas no ônibus. Se o time tiver 30% da raça, da fé e da alegria das pessoas
que enfrentaram o calvário de ônibus, seremos campeões mundiais esse ano.
Eu
acredito Galo. Sempre.
Belo texto!
ResponderExcluirE a comembol alegou falta de segurança no indepêndencia...
ResponderExcluirPoxa!! Estava com duvidas!! Más agora!! #EUACREDITO!!!!!!
ResponderExcluirkkkkkk
ResponderExcluirMais uma maria morrendo de medo do Galo ser campeão. Reza mais seu infeliz, pois seu time é como o Olímpia, se acha muito, mas na verdade não é nada. Nem consegue ser o time mais importante de um estado que só tem 2. Deve doer muito, por isso vc está aqui...
Que foda em cara,e esses fdps com medo de jogar aqui em BH. Queria que os jogadores pudessem ler esse seu testemunho e tivessem uma motivação ainda maior para reverter essa vantagem, nós merecemos esse título!
ResponderExcluirMineiro es club mui pequenõ. Quieres la copa más no es capaz del trinfar en torneos nacionales. EL REY DEL COPAS QUIERES LA 4TA!
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