quarta-feira, 25 de março de 2015

Fulano


Para fulano não importa em qual campeonato o Galo está jogando.

Fulano sempre faz a mesma coisa: Marca um encontro com outros atleticanos e vão ver o jogo juntos. Seja família, cônjuge, filho ou amigos, não interessa. Sempre vê os jogos juntos com alguém.

E é supersticioso. Usa aquela camisa da sorte. Aquela camisa que viu grandes vitórias. Aquela camisa que já esteve no estádio não se sabe quantas vezes e que já viajou para todos os lugares possíveis.

Se possível, Fulano assiste o jogo no mesmo lugar. Seja na mesma cadeira no estádio, na mesma poltrona ou na mesma mesa de um bar. Quando não é possível, o novo lugar vira o lugar da sorte, o sinal divino de que tinha que mudar de lugar.

É daqueles que no réveillon, fala pros amigos que não quer nada, só que o Galo seja campeão do Mineiro, da Copa do Brasil, do Brasileiro, da Libertadores e do Mundial. Que no aniversário, gosta mais daquele presente com cores alvinegras, que pode até não ter função certa, mas que será guardado como se fosse a chave de uma ferrrari.

O Fulano é daqueles que sempre é visto com cores alvinegras. Que prefere beber uma saideira, do que ter que guardar notas de 2 reais azul no bolso. Que compra caneta preta, que acha melhor quando o céu tá nublado e quando saca duas notas de 50 ao invés de uma de 100 reais.

É aquele que prefere deixar de um comprar um celular, de trocar o pneu do carro ou que leva marmita todos os dias, porque o dinheiro pra ir pro estádio é sagrado.

Aliás, para ele não tem dinheiro gasto com o time. Tudo que gasta com o time, considera um dízimo, pago como forma de agradecimento a Deus por aquele clube existir e proporcionar o aquecimento no peito quando o hino é ouvido.

Ou cantado. Porque Fulano canta o hino para embalar o filho, o afilhado, o irmão mais novo ou o animal de estimação. Nenhuma música acalma mais do que aqueles que exaltam o amor por uma nação.

E Fulano faz questão de cantá-lo sempre. Seja quando um objeto cai/alguém solta um foguete/alguém buzina ou quando dá vontade de cantar mesmo.  No casamento, na formatura, no batizado ou até em um enterro de outro atleticano.

Não importa, ele sempre está com time.

E se ele viveu momentos de não acreditar que estava no fundo do poço, hoje comemora porque está nas nuvens com a fase atual.

E olha que ele sofreu.

Fulano nunca se esquece desses momentos de sofrimento, que foram difíceis.

Fulano freqüentava o Mineirão. Viveu alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, chorou e sorriu. Sempre com a mesma intensidade.

Foi pra lá, torcendo para que o pior não acontecesse, e quando aconteceu, continuou indo para o estádio, rezando para que o melhor viesse para seus irmãos de torcida. E se o pior aconteceu, porque o melhor não aconteceria?

E quando o melhor veio, seu amor, que parecia ser infinito, dobrou. E não parou de crescer.

Mesmo quando ia a Sete Lagoas em todos os jogos. Em alguns deles, ficou completamente molhado pelas chuvas que caía e em outras, voltava pra casa vermelho.

E não é vermelho de vergonha não, porque vergonha nunca teve. Ficava vermelho de por colocar a cara de frente ao Sol para proteger os jogadores. Ficava vermelho de raiva de tanto xingar a arbitragem que insistia em prejudicar o time. E vermelho pelo sangue que pulsava em seu corpo e não permitia parar de cantar.

E Fulano sabia que aquilo ali iria passar também.

Voltando pra família alvinegra da capital, não se entregou. Continuou comparecendo.

Os adversários tripudiavam, mas não ligava.

Seus irmãos de arquibancada continuaram a apoiar, como sempre fizeram.

No Horto, continuou gritando e dando sangue pelo time. E com tanto sangue alvinegro, o estádio absorveu a alma atleticana e começou a pulsar com o time, se tornando imbatível.

Ele, que tantas vezes ouviu gozações, provocações e nunca baixou a crista, hoje é mais um do que distribui esporadas no adversário.

Ele que tanto sofreu com ironias da mídia, que viu suas lágrimas descerem do rosto pela humilhação que tantos quiseram impor ao seu time, hoje sente essas mesmas lágrimas saltarem dos seus olhos para poder assistir o time jogar.

O melhor time do Brasil, segundo a mesma mídia.

Esse orgulho que sente hoje nunca deixou de estar ali. Só ficou adormecido, esperando o momento de renascer das cinzas, como sempre fez.

Mas Fulano não se importa, ou melhor, nunca se importou, pois o que sempre precisou foi a raça em campo, o sangue alvinegro correndo nas veias, e isso ele sempre encontrou nos seus irmãos de arquibancada.

Hoje, ele estará comemorando o aniversário do time, junto com esses irmãos.

Para vê-lo, é só ir onde a massa está.

Para conversar com ele, basta gritar GALO bem alto e ele vai ter responder, afinal, todos o conhecem. Ou um deles.

Porque existem milhões de Fulanos, que gritam, apoiam, que sofreram ou que amaram na mesma intensidade.

Somos milhões de Fulanos que não precisam ter nome para se apresentarem, basta carregar as cores e o amor pelo clube.

Somos milhões de pessoas que estarão juntos não parabenizando, mas agradecendo o fato dessa nação existir.

Somos do Clube Atlético Mineiro. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Obrigado, Mito!

Esperei o fim da coletiva do Ronaldinho do Galo para poder tirar o pó deste espaço. (Só não sabia que seria com lágrimas)

Lembro como se fosse hoje do dia 04/06/2012, quando, trabalhando, recebi uma ligação de um amigo perguntando se era verdade que o Ronaldinho estava no Galo.

Imediatamente fui para o twitter, minha primeira fonte de notícias, e vi fotos dele no centro de uma roda de jogadores boquiabertos e felizes olhando para ele.

Ao fim do dia, milhares de atleticanos estavam dando F5 no site da CBF para ver se o nome dele seria publicado no BID para dar condições de jogo para a partida contra o Bahia, na rodada seguinte.

De lá para cá, perdi apenas um jogo dele no Independência, contra o Sport em 2012.

Eu não vi Reinaldo, o maior jogador da história do Galo, jogar devido a idade. Peguei o fim de carreira do Éder, meu primeiro ídolo. Acompanhei o Taffarel, vibrei com gols do Guilherme, cansei de gritar "Olê Marques", gostar de ver a raça do Marinho e pude ver o surgimento do Tardelli como ídolo do Galo. Mas nada se compara com o orgulho de ver o Ronaldinho com o nosso manto.

Ler que “Não é um despedida, é um até logo” faz diminuir um pouco esse vazio que todo atleticano está sentindo nesse momento. Mas aumenta a emoção ao ver que, assim como outros jogadores, você também se tornou atleticano.

Assim como me emocionei quando ele fez o gol contra o Figueirense e ajoelhou no campo para lamentar o falecimento do padrasto. Derramei lágrimas quando foi a faixa de apoio a saúde da mãe dele e comemorei como nunca quando saiu gritando “Aqui é Galo, Porra!” contra o São Paulo.

Ria demais quando ele dava um drible e saia rindo, como no lance antológico contra o mesmo São Paulo, no Independência. Lamentei quando a bola não entrou por milímetros, mas me recordei que lances de quase-gol são importantes também para carreiras como a dele e a do Pelé.

Me assustava com passes que só ele via, como aquele de costas (Desta vez não é pra você, Fábio) contra o Strongest e que acabou achando o Marcos Rocha, que sofreu o pênalti logo em seguida.

Adorava ver crianças, adultos e idosos comemorando os gols como você e o Jô. Nunca antes na história desse país um gol teve a comemoração tão imitada pelo mundo. (Nem aquela do neném do Bebeto foi assim).

Mas o que de mais importante você nos deixou, Ronaldo, foi o de nos encher de orgulho por todo o planeta.

Nunca esquecerei de quando vários chineses me pararam no meio da Plaza de Mayo, em Buenos Aires. Achei que queriam informação, que fosse um assalto ou uma oferta de produtos, mas eles queriam era tirar uma foto segurando a bandeira do Galo. Não falavam nada de português e pouquíssimo de inglês. Mas a comunicação foi fácil graças a palavra “Ronaldinho”.

E foi lá em Buenos Aires também, Ronaldinho, que escalei o alambrado pra comemorar um gol do Bernard e um policial pediu para eu esperar para descer porque ele estava tirando foto da camisa que estava escrito “Ronaldinho”.

Isso sem falar da Copa, quando vários colombianos, argelinos, belgas e etc, tiravam fotos conosco apenas porque estávamos vestidos com a camisa do Galo.

Aliás, a nossa camisa do Galo.

Camisa essa que agora é tão sua quanto a dos outros milhões de torcedores espalhados por este planeta.

Você será um ídolo eterno aqui, Ronaldo. O verdadeiro MITO que passou por aqui.

Pode ter certeza de que você será eternizado, através de imagens e histórias de todos que viram o que você fez enquanto esteve aqui.

Que Deus te abençoe e te acompanhe pelo resto da sua vida.



MUITO OBRIGADO POR TUDO!

terça-feira, 25 de março de 2014

Dia do atleticano

Geralmente neste dia, a imprensa e grande parte da torcida do Galo gostam de relembrar todas as conquistas do clube, contando as histórias dos títulos, relembrando momentos de alegria e até as derrotas mais dolorosas. 

Eu adoro ouvir essas histórias e reviver esses momentos, mas sei que cada atleticano tem seu momento e seu jeito de contar e comemorar a data. Mas pra mim, não comemoro apenas o dia do aniversário do clube. Eu festejo o dia do atleticano.

Mais do que nunca, somos nós, atleticanos, que fazemos com que o clube comemore.

Até porque, o clube só tem o tamanho que tem por causa dessa torcida. Temos ciência de que não se constrói um time com títulos. Temos exemplos de clubes que têm torcidas baseadas em títulos e sabemos exatamente qual nossa diferença pra eles.

Quem vive o Galo ou para o Galo, sabe exatamente o que se passa na cabeça em dias assim. Ver nosso clube ser festejado é motivo de alegria, mas ver como se festeja e se reconhecer nos olhos dos "convidados" da celebração, talvez seja o mais próximo do que consigo definir quando digo que devemos amar ao próximo.

Sei que o atleticano ama o outro atleticano de forma pura e sincera, senão como explicar aquele senhor, que nunca viu o rapaz na vida, abraçar o sujeito, ambos em lágrimas, quando o Léo Silva cabeceou a bola pra dentro do gol? Ou daquela menina que quase pulou no colo do vizinho de arquibancada quando a bola do Gimenez estourou na trave? 

E é em nome desse amor sincero ao alvinegro que tanto cantamos e nos orgulhamos é que comemoramos o dia de hoje. 

Tenho certeza de que, se houvesse tecnologia suficiente há 106 anos, iriamos procurar os vídeos dos torcedores blogueiros filmando a torcida no estádio Antônio Carlos (onde hoje é o shopping) e contando das proezas da torcida em acompanhar jogos na Alameda ou no Barro Preto.

Se fosse possível, veríamos páginas no Facebook homenageando o Mario de Castro, Kafunga, Guará, Ubaldo, Odair, dentre outros. Relembraríamos a defesa do Renato no chute do Gérson em 71 e daríamos risadas com os tweets do Elias Kalil sobre o Hexacampeonato 78-83.

Não me resta dúvidas, de que nos emocionaríamos com as fotos daqueles torcedores que ficam de costas pro jogo na maioria das vezes apenas pra registrar o atleticano no estádio. Veríamos os registros de torcedores afrouxando suas gravatas de emoção pelo título de Campeão dos Campeões de 1937 ou quando um time foi obrigado a mudar de nome e de cores depois de um 9x2. Quem sabe não veríamos vídeos e fotos da torcida carregando o Ubaldo nos ombros do Independência até Lourdes ou as fotos de crianças erguendo o punho pro alto tal qual certo atacante alvinegro conhecido como Baby-craque.

E o mais interessante é que mesmo sem haver tais registros, imaginamos cada cena. Aliás, imaginamos não. SENTIMOS cada cena desse. Talvez porque sabemos como é o estádio hoje. Mas pela minha convicção doutrinária e religiosa, prefiro acreditar que imaginamos e sentimos cada cena dessa porque já vivemos isso e tudo está tatuado na nossa alma e corre no nosso sangue.

O nosso amor pelo Galo é grande demais pra se viver em uma encarnação só. É paixão pra ser revivida em encarnações futuras. Por favor, não me diga que não viverei uma próxima vida perto do Galo novamente. Me deixe crer que assim que essa vida chegar ao fim, irei ao encontro de familiares e entes queridos para dar aquele abraço que não pude dar na defesa com a perna esquerda do Victor contra o Tijuana ou apenas para poder contar sobre a invasão à Argentina da Massa. Me deixe sonhar com um retorno a uma próxima vida para reviver cada emoção, cada sofrimento, mas com a mesma dose de amor.

E esses 106 anos mostram que enquanto houver uma criança gritando Galo quando um copo cai ou quando um foguete estoura no céu, teremos motivos pra comemorar. 

Eternamente. 

Mais do que parabéns, meu Galo de Ouro, eu quero dizer, Obrigado.

Ou melhor: ObriGalo por tudo!!


ObriGalo, Irmãos Alvinegros!!! (Foto: Centim - @Centim13)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O ano começou

Enfim, o ano começou.

Trânsito complicado, crianças voltando às aulas, jovens e adultos voltando pra faculdade, torcida voltando aos estádios e chefes retornando de férias. Até a zica já voltou pro Galo.

Lembro de uma conversa no Bar do João, reduto de atleticanos na Savassi, no dia 21/12 de 2000 e Galo, na qual um torcedor disse que a única coisa boa da ida do Cuca pra China era o fato do Júnior César e Gilberto Silva renovarem seus contratos pra 2014 e darem bagagem e segurança necessárias pra temporada ser vitoriosa. Depois de uns argumentos de mais uns três torcedores, o primeiro torcedor mencionado profetizou:

- Nossos dois zagueiros machucam demais e o menino da base é muito verde ainda. Confiar só no Emerson é complicado. E pra esquerda, com o Ricão machucado, não tem outro lateral. O único que poderia jogar alguma coisa lá é o Emerson também. Vão confiar em um jogador só para salvar duas funções? Por isso tem que renovar com o Gilberto Silva e o Júnior César.

E quando eu vi o Emerson saindo pra ambulância ontem – e ainda discordando da diretoria quanto a não renovação dos dois jogadores mencionados acima – tive vontade de encontrar o torcedor do Bar do João e falar da boca maldita dele.

Não sei se os dois turcos responsáveis pelas contratações já estão se movimentando pra contratar, mas eu espero que sim. Aliás, eu não, a torcida inteira espera que sim, pois temos dois jogadores no estaleiro que só voltam depois da Copa, uma dupla de zaga que vive se lesionando e 4 laterais esquerdos no DM.

Já dá pra preocupar, não dá? Agora some-se isso ao fato do novo técnico ser rejeitado por boa parte da torcida e existirem torcedor vaiando o time no primeiro tempo. Cheguei a escutar, ao comprar uma água após o fim do jogo, um torcedor (?) falando que “esse time feio do Galo vai cair esse ano. Paulo Autuori vai ser igual o Tite e não vai ter controle sobre os jogadores. Não vamos passar nem da primeira fase da Libertadores e ano que vem é segunda divisão com certeza”.

Nem retruquei. Apenas peguei a garrafa e saí de perto. Quis falar pra ele que gostei da raça do Dátolo na esquerda, dos dois passes dele pro gol, das defesas do Victor, do esforço do Guilherme em pelo menos tentar algo, mas desisti e preferi ignorar.

Antes de pedirmos pra benzer o CT e os jogadores e nos preocuparmos se vamos ter time para a estréia na Libertadores, precisamos ter um pouquinho a mais de paciência com um time que, visivelmente, ainda está com as pernas duras e a falta de ritmo depois das férias.

Já que tudo e todos voltaram de férias e já estão enervando a cidade inteira, pelo menos, a cornetagem, poderia estender o período de descanso.



PS: No dia que eu desencarnar e passar dessa pra melhor e tiver a oportunidade que tirar dúvidas com Deus sobre a minha passagem na Terra, a primeira coisa que vou buscar entender é o motivo da qual a (IRONIC MODE: ON) competente, prestativa e bem preparada (IRONIC MODE OFF) Polícia Militar de Minas Gerais deixa o beco de passagem Pitangui – Ismênia Tunes fechado durante o Campeonato Mineiro. Não sei ainda se é devido à enorme, violenta e com altamente periculosa torcida do Nacional de Muriaé-NovaSerrana-PatosdeMinas ou se é por preguiça mesmo. Se não for por preguiça, amiguinhos policiais, no dia que o time rival (cuja torcida já briga entre si há 543 jogos) for jogar contra o Nacional, (de torcida presumidamente violenta), será necessário a SWAT e o Exército Americano para evitar o Armaggedon e garantir a paz mundial. Espero que o Obama, que já hackeia tudo na internet mesmo, leia este texto e já tome providências...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

E pra Marrocos eu TAMBÉM vou


Comecei o dia lendo os livros do Galo, estes que lançaram agora com o fenômeno LIBERTADORES. Tenho todos.

Lendo alguns textos, fui atrás dos autores, achei algumas crônicas e zás! Constato, embora seja um ambiente que respiro, o quanto é masculino o universo que decidi, desde a barriga da Sra. Minha mãe, participar.

Uma das crônicas que li dizia que as mulheres estão preocupadas com o Natal, amigo oculto, e essas coisas menos importantes que o Galo. (Um minuto de silêncio) ................ Eu sou uma mega mulher, meus caros. E minha preocupação chama-se MEU GALO E O MUNDIAL.

Fico doente - literalmente, minha gastrite que o diga!!- de imaginar o que o Cuca vai arrumar nas laterais. Chego a rolar na cama horas pensando se Lobão vai estar 100% pra esfregar na cara daquele filho de uma puta (Sim!! As princesas do papai também brigam, berram, falam palavrão e xingam juízes!) do Guardiola a dispensa mais infeliz - ou feliz! A Massa agradece!! - da vida dele e mostrar para o mundo quem é o maestro da bola. 

Garro na reza sem base para o Marquim (Rocha) não oscilar. Pro Tatá recordar, com a temperatura de Marrocos, a inspiração que o fez ídolo no Al-Gharafa e sapecar gol nos Mexicanos e Alemães, respectivamente. Pro GuiGui continuar entrando sem medo nenhum e mandar as bombas decisivas que às vezes me remetem às do Éder de 80. Pro Vitão ter a canhota, a destra, de pés e mãos todas abençoadas por 'Diós'. Pro Jozim parar com a "garçom dependência" e ter o futebol que ele tem na seleção. Aí eu quero ver o Inter amargar a dispensa e a pregar na testa dos times do sul que eles não sabem trabalhar talentos. Pro Bernard entender que ganhar dinheiro é bom, mas - Se Deus quiser!!- ganhar o mundial entre amigos, entre família, é muito melhor. Pro Pierre ser o PitBull do título. Pro Doni se recuperar logo, não tô achando justo o xerife do meu meio campo ficar fora de duas decisões. Pro Léo Silva estar em dias de camisa 11. 

Que essa união não termine nunca.
Vai quase um terço inteiro pra novela do Fernandinho ter final feliz (eu acredito!) Pro Révão chamar a responsa pra ele. Pro Josué comandar a bola, como comandou a poucos metros de mim na final da Liberta. Pro Jr. Cesar ficar mais brother do Cuca. Pro Luanzim ser o Luanzim decisivo e que o Cuca entenda que ele é pra substituir. O cachorro louco que soltamos em Tijuana, vamos soltar em Marrakesh!! Pros meninos do nosso banco saberem que são parte de uma engrenagem preta e branca e que eles são peças fundamentais!! ( Desculpa os apelidos dos meus -sim, meus! Possessiva como toda mulher-jogadores, é o jeitinho feminino pra falar de futebol.)

Que o Cuca tenha pulso, discernimento, visão e que Nossa Senhora o abençoe e permita coroá-lo, junto a uma nação loucamente apaixonada, campeão do mundo.

Que minhas lágrimas, que insistem sempre em cair quando o assunto é o meu Galo - coisa de mulher, ou de quem ama um ideal. Fica pra vcs a decisão.- sejam secadas pela faixa de CAMPEÃO MUNDIAL 2013, o ano do meu Galo.

Estas são minhas preocupações prioritárias, como mulher, para este fim de ano.

E lá vou eu (vamos nós!!) para um país com cultura tão masculina quanto o futebol, onde nem andar sozinha, sem um homem por perto, vou poder. 

Que se dane! É meu Galo jogando. Então eu vou, eu vou tentar trazer na garganta esta taça!! Garganta que não para de cantar um segundo quando há mantos AlviNegros vestidos pelos guerreiros que nos representam em campo - de batalha! Seja num Galo x São Raimundo (aquele time de Manaus, lembram?) numa Terça a noite pela serie B do Brasileiro, seja no Galo x Monterrey num mundo estranho qualquer. Torcendo sempre com raça, amor, dedicação e mais disposição que muito marmanjo por aí.

Estou indo à Marrocos com uma única função: Ser, como sempre fui, o 12o jogador do meu Galo em campo, ou melhor, ser a 1a jogadora do Galo em campo. 

Meu time pode sempre contar comigo, como sempre contou desde 1983, quando eu dei chutes em seqüência na barriga da mamãe quando ganhamos o Hexa de 83, assim ela conta. E conta mais! Que eu levantava o bracinho igual ao Rei quando era bem bebê, inconsciente (?) eu já sabia o que era.

Coisa de AtleticanA, que já nasce AtleticanA, que tem prazer em respirar futebol, e que peço gentilmente - ou não - licença ao mundo dos machos, pq é isso que sei viver.

Ah! Voltando à crônica, embora seja declarado um mundo masculino, tenho um jeito feminino e bem firme de viver o futebol e a vida. Então, eu consigo viver as festas de fim de ano, o Natal, o amigo oculto, minha família, trabalho, amigos e MEU GALO. Questão de prioridades. Um dia vocês conseguem fazer tudo ao mesmo tempo e direito, com a maestria feminina - eu acho.

HUN!!

E pra Marrocos eu que vou....

Nos vemos lá!! 

Saudações AlviNegras!


Anne Menezes
Atleticana antes de pensar em nascer
Twitter: @annemmenezes 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Carta para Fernandinho

Fernandinho,

Acho que você já deve ter percebido que mineiro gosta de contar causos né? Pois é, eu vou te contar um que aconteceu aqui em Minas, entre João e Maria, esse ano mesmo, antes de você chegar. 

Há quem pense que certos problemas ocorrem por conta da idade, mas não é, mesmo João sendo 13 anos mais velho que Maria. O problema é que Maria é vaidosa demais.

João é mais velho, mais experiente e já passou por muita coisa na sua vida.  Hoje, com muito custo, consegue algum sucesso na sua vida.

Já Maria (mais nova) é mimada, birrenta e, como ela mesmo diz, cheia de vaidade. Já teve momentos bons na vida, mas embarangou, e como uma estrela de novela decadente, não recebe convite para aparecer na mídia há 10 anos.

E tudo começou quando João e Maria dividiam o mesmo condomínio.

A família de João é muito grande, falam alto e bebem muito. Parecem até uma família turca de tão alto que falam. Mas são unidos e isso ninguém pode falar. João já passou dificuldades financeiras e sociais, mas a família não o abandonou. É até bonito de ser ver.

Já a família de Maria é meio estranha. Eles até são muitos também, mas são mais frios. Quando Maria estava bem de vida, a casa vivia cheia, mas foi só começar a empobrecer que os parentes sumiram. De vez em quando aparecem, mas parece até que é por interesse porque trazem balão, apito e etc, mas vão embora e ela fica sozinha de novo.

Porém, por causa de uma obra do governo, o condomínio teve que ser reformado e ambos foram morar em Sete Lagoas por um tempo, mas dois anos depois vieram morar em Belo Horizonte de novo. (A família do João ia visitá-lo como sempre, a de Maria não).

Quando voltaram pra BH, a família Coelho, que os conhece há muito tempo, resolveu emprestar sua recém reformada casa. A família do João visitava sempre e, coincidentemente, ele prosperou.

Já a família de Maria não se adequou bem a casa dos Coelho. Além de ficar cada vez mais decadente, Maria via que João prosperava, e isso incomodava. A maré tava tão ruim que a família da Maria não soube se comportar e foi obrigada a parar de frequentar o condomínio dos Coelho devido a atirar objetos pela janela, norma vedada pelo Estatuto de lá, levando o síndico a proibir a presença deles.

Ocorre que o condomínio ficou tão satisfeito com a família de João que resolveu deixá-lo morar lá, mesmo sobre os protestos da família Coelho.

A sorte da Maria é que as obras do governo ficaram prontas e ela pode voltar pro condomínio antigo. Só que Maria não percebeu que as reformas deixaram o custo de lá muito alto. Sem poder contar com a família, Maria não teve outra escolha e está vendendo o almoço para comprar a janta.

João então resolveu convidar a Maria para ir visitá-lo na casa em que morava, porém, a família dela não se comportou novamente. Jogaram xixi, bitucas de cigarro acesa, grãos de milho, chicletes e etc pela janela, chegando ao luxo de jogarem água lá de cima (Já faltou água na casa da Maria), porém o síndico não ficou sabendo – ou fez vistas grossas, não se sabe -  e nada aconteceu com a família de Maria.

Isso aconteceu esse ano mesmo, em maio e eu até já contei pra outras pessoas aqui mesmo.

Pois bem. Num é que a família da Maria aprontou de novo?

Veja só o que eles fizeram (vídeo da WebRadioGalo) : 


Lamentável né?

Mas eu te escrevo, Fernandinho, é pra te agradecer. Porque graças aquele Galaço que você fez, a família de João, donos da casa, podiam ficar em paz.

E olha que eu vi gente que torceu o pé, tomou cotovelada na cara na hora do gol e gente com a mão cortada de tanto tocar não reclamarem, em momento algum, do que passou.

Mas o que mais me impressionou, Fernandinho, foi o milagre que você e o resto do time fizeram. Você sabia que um cara saiu cantando e pulando na saída do estádio com as muletas pra cima e parecia até não precisar dela mais?

Não consegui filmar ele direito, pois estava bem a frente, mas nesse vídeo aqui dá pra ver ele no finalzinho da filmagem, do lado esquerdo.

Pois é, Fernandinho. Foi graças a vitória de vocês ontem que a família da Maria murchou. Foi graças a vitória de vocês que o aleijado dispensou as muletas, que quem se machucou não reclamou das dores e que pudemos festejar a noite inteira.

Antes de me despedir, gostaria só que você e o resto do time pensassem um pouco mais na frente. Sim, pois se com uma vitória sobre o freguês, mesmo com nosso time quase reserva, já fizeram pessoas dispensarem muletas, imagine o que acontecerá se ganharmos o mundial?

Já imagino os cegos enxergando, os surdos ouvindo as nossas músicas e os mudos gritando o grito de Galo entalado na garganta...

Focalizem nisso. É só isso que eu quero. Que pensem no poder que vocês tem.

Obrigado, Fernandinho. Obrigado mesmo.

Um grande abraço.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Só melhora

Há exatos quatro meses, oito milhões de pessoas tiveram a fé testada quando o árbitro Patrício Polic marcou pênalti aos 48 minutos do segundo tempo para o Tijuana. Muitas pessoas secaram o goleiro, uma nação alvinegra secou o batedor Reascos e quando o goleiro Victor fez a defesa com os pés, ninguém consegue secar as lágrimas que sempre escorrem dos olhos do atleticano que não cansa de rever o lance.

E então nós acreditamos que era possível.

Há exatos três meses, um bom número dos oito milhões de pessoas cornetavam o presidente alvinegro e a diretoria atleticana que não contratou ninguém para o jogo contra o Newell’s Old Boys, quando jogaríamos sem a nossa zaga e um dos volantes do time titular. Alguma parcela da torcida alvinegra comemorava o título brasileiro na Copa das Confederações, porém todos aguardavam a próxima fase da competição que era o sonho de todo atleticano.

E então só nos restava acreditar.

Há exatos dois meses, oito milhões de pessoas no Brasil ainda não conseguiam dormir direito pela conquista da sonhada, esperada e sofrida Libertadores. Enfim, ganhamos o título que estava engasgado na garganta e a América inteira era alvinegra. Casamentos foram salvos, filhos foram feitos, empregos foram gerados e cruzeirenses eram mais difíceis de encontrar do que Coca-Cola no deserto.

E isto porque nós acreditamos.

 Há exato um mês, sofríamos no Campeonato Brasileiro. Time e torcida de ressaca pelo título não se preocupavam muito com a competição. Perdemos jogos para times que perderiam até pro América, mas nada parecia importar. Algumas pessoas, com Alzheimer talvez, passaram a criticar o time e perseguir alguns jogadores. Outros jogadores, também com probabilidade de perda de memória, pareciam que esqueceram como se jogava futebol e o stress tomava conta de muita gente. Quem parecia não se importar eram os donos de agências de viagem que começaram a vender os pacotes para a invasão em Marrocos.

Muita gente acreditava, mas muita gente parecia deixar de acreditar.

Hoje, melhoramos no Campeonato Brasileiro dedicado aos hipertensos que não precisam se preocupar com a quantidade de sal que o torneio carrega. O time conseguiu boas vitórias e a torcida se revelou mais exigente do que se imaginava. O título fez essas oito milhões de pessoas terem a certeza de que poderíamos disputar qualquer competição, mesmo com 50 pontos atrás do primeiro colocado e um oitavo lugar é motivo pra deixar todo mundo indignado, pois todos conhecem o potencial do time. Mas aí veio a contusão do Ronaldinho e parece que um tufão passa pela cabeça de cada torcedor atleticano que buscou o terço na gaveta e voltou a acender velas para a recuperação do mito.

Mas não podemos deixar de acreditar.

Não sei o que acontecerá daqui um mês ou dois. Quem dirá três. O atleticano consegue xingar o time, entre os seus pares, pois sabe que podemos mais, mas ri da situação atual do mesmo time para os torcedores do time azul que vai bem no Brasileirão-sem-sal para não deixar a zuera terminar.

E agora a situação, por incrível que pareça, entra no estilo que a torcida do Galo está acostumada: quanto mais sofrido, melhor. Só esse ano, aprendemos árabe para acompanhar a negociação do Tardelli, falamos castelhano para nos ambientar nos países sulamericanos que visitamos, torcemos contra o vento e a favor da trave no dia 25/07 e agora estudamos a geo-política marroquina e seus usos e costumes para dezembro, mas teremos que incrementar a Medicina em nosso tempo disponível para acompanhar o tratamento do mito Ronaldinho.

Com isso, tudo só melhora. Quanto mais desafios, quanto mais desacreditam no nosso elenco, o brio deles só aumentam e as coisas só melhoram. Afinal, depois desse tempo todo e de tudo isso que passamos e de tudo que aprendemos, vamos deixar de acreditar?