terça-feira, 20 de agosto de 2013

Eu, Minha Mãe e o Independência

Quando eu estiver nos últimos dias de vida, bem velhinha espero, terei uma lembrança muito gostosa de um momento com a minha mãe e a minha irmã mais velha. Claro que me lembrarei de dias como 30 de maio, 10 e 24 de julho, mas 14 de agosto de 2013 sempre será especial.

Minha mãe e eu fomos pela primeira vez a um estádio juntas, em 94, mas num show. Depois voltamos ao velho Mineirão em 98 para assistirmos a um jogo de futebol. Vimos Time do Barro Preto x Vasco pela Copa do Brasil na torcida celeste e não demos sorte ao time do Barro Preto. Ele foi desclassificado com o placar de 0x0. O jogo estava tão bom que eu dormi encostada no alambrado durante todo o primeiro tempo e metade da segunda etapa.

Em 2008, vi pela primeira vez na vida um jogo do Atlético. Foi lindo! Como era estagiária de jornalismo em uma emissora de TV, conseguiram pra mim o credenciamento para acompanhar a equipe. Lá fui eu ver Galo x Palmeiras, pelo Brasileiro, só que no gramado, com o colete laranja de imprensa. Foi uma baita experiência ver a Massa lá de baixo!

E minha mãe nada... Quando os jogos do campeão da América foram para o Horto a luz se acendeu. Afinal, é muito mais fácil ir de metrô do que pegar três ônibus para chegar ao gigante da Pampulha. Mobilidade é um dos motivos que sempre me afastou dos estádios.

Eis que, durante a Libertadores, eu prometi que iria à final, caso o Galo chegasse lá. Ele chegou e fui até o Mineirão enfrentar aquela fila gigante como o estádio pra comprar os ingressos. Tinha rolado uma grana extra dias antes e pensei: vou levar a mamãe ao jogo. Ela vai amar o presente! Amaria, porque os ingressos mais baratos tinham se esgotado. E me recusei pagar 400 ou 500 reais para ver aquele jogo. É muito dinheiro!

E eu tinha uma dívida com o Independência. Conheci o Centenário, em Montevideo, o La Bombonera e o Monumental, em Buenos Aires, e nada de conhecer o Caldeirão do Horto. Achei uma tremenda injustiça e precisava ir lá. E tendo uma estação de metrô pertinho fica tudo mais fácil.

Planejava levar a minha mãe de surpresa no jogo contra a Portuguesa, no fim deste mês. Jogo no domigo e às 16 horas são mais fáceis para ir em família, acredito. Mas uma decisão em cima da hora mudou tudo. Na segunda, 12, conversávamos em casa sobre o jogo contra o Bahêa. Quinta, 15, seria feriado em BH. Poxa, por que não ir na quarta? Partiu de mamãe a iniciativa e ela logo me passou o dinheiro e soltou: quem vai comprar os ingressos? Na hora gritei “eu”. (Aliás, sempre tive preguiça de ir pra sede enfrentar fila pra comprar ingresso. Vendas na internet já!)

Quarta, 14. Ingressos comprados, camisa nova de campeã da Libertadores passadinha e todo mundo empolgado para um jogo que “só” valia três pontos. Quando cheguei à estação Central e vi dentro dos vagões vários atleticanos algo tomou conta do meu ser. Seria a primeira vez que assistiria o jogo no meio da torcida. Aos descermos na estação Horto uma euforia tomou conta. Um mooooonte de torcedor devidamente uniformizado com o manto sagrado começou a gritar “Galo, galo” e entrei no clima. Até chegarmos ao estádio, a visão era de romeiros subindo ladeiras em direção ao evento religioso mais importante do dia. Chegamos ao portão 10, por onde entramos, e foi um choque pra mim ver de pertinho o palco de tantas alegrias nos últimos meses. Eu fiquei encantada com o Independência! Caí no Horto e senti a magia daquele lugar.

Escolhemos os assentos na arquibancada onde tínhamos uma boa visão do campo. As bolsas foram para as cadeiras e a gente para o alambrado. Fone no ouvido, bandeira na grade, muitas fotos e voz pra gritar gol. Estávamos prontas! Só faltava o Galo entrar em campo. Entrou e começou toda a nossa alegria em ver o CAMpeão da Libertadores em ação. Minha irmã já tinho ido a outras partidas, mas também era a primeira vez no novo estádio, com status de Arena.

Ronaldinho Gaúcho nos brindava com lances bonitos, Dátolo jogava pela primeira vez com o manto sagrado, Luan corria feito maluco pelo campo e a gente “endoidava” a cada lance de perigo. O gol saiu e a gente gritou junto com a Massa. Só faltou escorrer lágrimas nos olhos. Como é gostoso comemorar um gol dentro de um estádio...

Intervalo e mais fotos. Era só alegria entre minha mãe, irmã e eu! Estávamos mais empolgadas para o segundo tempo. Ele voltou e o Bahêa botou medo no melhor time da América. E a gente gritava “não, sai daí”. “Ah, meu Deus”. “Vai, Victor”. Coisas assim. Mamãe subiu nas telinhas da grade, xingou o Fernandão e todo o time baiano, gritou “puta que pariu. É o melhor goleiro do Brasil: Victôoor!”, cantou o hino e apoiou o time. Cenas que jamais vou esquecer. E vocês tinham que vê-la, aos 56 anos, fazendo arruaça no estádio. Aí, gol do Galo, de novo. Foi uma festa só junto com o narrador que ouvimos em todos os jogos. Caixa, caixa! Gritamos, fiz com a minha mãe e com a minha irmã a peitada a la R10 e Jô, dancei com aquela que me ensinou a torcer pro Galo o funk do A lelek lek lek e com a voz saindo dos pulmões juntamos à massa em uníssono “ôoooo, o campeão voltou”. E a hora clássica dos estádios chegou. Juntas, gritamos em um lance polêmico: “ei, juiz, vai tomar no piiii”. Não resisti e do meio da massa, eu escrevi no Twitter: como é delicioso estar no meio da torcida. Ô se é!

O jogo acabou, o Galo voltou a ganhar, tiramos mais fotos, fizemos bagunça, saímos com a certeza de que somos pé quentes e lá fora, como é de praxe pra toda mulher, fizemos comprinhas. Primeiro, comprei uma bandeira pra mim. Com mastro e tudo. A festa da mamãe voltou! Ela foi da porta do estádio até a estação do metrô balançando o pedaço de pano com o escudo mais bonito do mundo, vestindo a camisa 9, branca, personalizada com o nome dela. Ah, e gritando “Galo”! Depois, parou em outro vendedor e comprou a touca de frio do Galo. O ônibus com o time passou e ela toda serelepe balançou a bandeira. A empolgação dela, gente, é a mesma que a minha irmã e eu temos juntas. Mamãe é uma figuraça quando o assunto é o Atlético!

Na volta, dentro do trem, 95% dos passageiros eram atleticanos e um dos tios colocou no celular o hino do clube. Tocou repetidamente até chegarmos à estação final – Eldorado. Fiquei olhando aqueles torcedores, os tios, a minha irmã ouvindo o jogo Grêmio x time do Barro Preto e a minha mãe. Fiquei pensando no quanto aquele momento vai fazer parte da minha vida, da minha história. Vai ser contada aos meus filhos, aos meus netos e amigos. Fomos felizes!

Agora, digo uma coisa: amigo, azar é o seu se não tem uma mãe atleticana como a minha...





Flávya Pereira é atleticana desde que entende o que é futebol, jornalista e fã dos Beatles. E de aniversário – no último dia 04 – ganhou de presente o título de CAMpeã da América.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Promessa é dívida e emagrece - Parte II


Galera, uma reviravolta aconteceu na minha batalha contra a balança.  A única coisa nesta semana que deu errado foi o Galo ter empatado com o fraco Botafogo. No mais, só alegria.

Fui a um ortopedista ver o meu caso, pois estava preocupado com a situação e havia alguma coisa errada.

- Como que uma fratura existe, mas eu não sinto dor?

- Bruno, desce as escadas e vire à direita. Faça um raio X para mim só para confirmar o diagnóstico.

- Ok.

Fui lá pensando “será que vou ter que amputar?” “será que vou ter que botar pino no pé e ficar 9 meses parado de tudo?” e a preocupação tomou conta.

Raio X feito, fiquei aguardando o médico me chamar para dar o “veredicto”.

- É Bruno, pode ficar tranquilo. O médico que te atendeu era inexperiente ainda, com toda certeza, mas não pode ser julgado. O que você tem aí é um osso a mais no pé. Interessante, não? Caso raro, mas é tranquilo. Pode viver a sua vida normalmente. Continue colocando gelo na entorse e pode voltar para seus afazeres.

Aquela noticia me deu um ânimo a mais para continuar. Poderei fazer algum exercício para auxiliar no emagrecimento.

Comecei quarta feira a correr. Isso mesmo, correr, a empolgação foi tanta que tive pique para isso. Para vocês terem uma ideia, foi tão importante este retorno aos exercícios físicos que eu segurei minha vontade de beber cerveja com os amigos lá no horto, antes do jogo do Galo. Bão demais, né? Porcaria nenhuma, foi um sacrifico danado... (momento transtorno bipolar, rsrsrs)

Acabou o jogo, todos “putos da vida” e, para piorar tinha a caminhada até o carro...

- Bruno, por que tá correndo? Tá com vontade de ir ao banheiro?

Guilherme, dono deste blog sagrado, estava encabulado, ou melhor, impressionado pela minha disposição. É verdade que eu estava andando depressa, mas não era para ir ao banheiro. Eu reparei que posso aproveitar todos os momentos de minha rotina para fazer algum exercício, algo que poderia queimar um pouco as calorias, acho que é um dos segredos para emagrecer com saúde.

Quinta feira, a mesma disposição. Corri da mesma forma, mesmo com dor no corpo.  Eu estava parado e de repente começo com força total, o resultado não poderia ser outro, dores e câimbras insuportáveis, custei a dormir.

Então, cheguei hoje (09 de agosto) com saldo positivo da segunda etapa. Vou correr da mesma forma. Ainda não quero pesar, deixarei para setembro. Hoje e amanhã terei dois desafios árduos:

Hoje: aniversario de uma grande amiga, não posso faltar;

Amanhã: Casamento de um grande amigo.


Haverá comes e bebes de praxe. Vai ser dose de aguentar tanta tentação! Mas “vamo que vamo” – Sou Galo e não desisto nunca (e nem posso), afinal de contas PROMESSA É DÍVIDA E EMAGRECE. 


 Bruno Farnese. Devoto ao Clube Atlético Mineiro. Relações Públicas, filho de Roberto e Kátia. Apreciador de carne e cerveja, odeia azeitona, perder no xadrez do avô ou na peteca da avó. Gosta de tentar escrever nas horas vagas. Reclamações e sugestões? Você pode segui-lo no Twitter @bfarnese ou no Facebook.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Fechem a Cidade do Galo

Acho que a Cidade do Galo deveria ser fechada.

Mentira. Acho que devia ser, no mínimo, estudada.

Afinal, o que acontece nesse clube que atrai tantos sentimentos e que prende a alma de todos que por aqui passam?

Lembro de quando era um novato nas arquibancadas do Mineirão e via o Éder Aleixo se rasgar de amores pelo Galo. Mas ele tinha jogado no lado fresco da lagoa e perguntei ao meu pai como que ele gostava tanto do Galo se tinha vestido o uniforme dos Smurfs e recebi como resposta: "Quem aquece o coração da massa, nunca sentirá a alma fria".

Bom, acho que era algo assim.

Sei que alguns anos depois eu vi o retorno do Cerezo pro Galo e pude testemunhar a alegria daquele Velho Palhaço. E foi no primeiro jogo da minha vida no Independência que eu vi o retorno dele, fazendo um gol na Caldense. Para mim, ver aquele cara de 30 e tantos anos sair correndo igual uma criança de 10 para comemorar um gol não fazia muito sentido, mas me emocionou no dia.

Assim como no jogo contra o Milan em que ele se despediu do futebol, fazendo o que mais lhe dava alegria: correr para a massa.

O curioso é que ele se emocionou também enquanto todos se emocionavam. 

E assim eu vi o Renaldo ir embora e prometer voltar em meio às lágrimas. Como o Marques, o Tardelli, e agora, o Bernard.



Jogadores que saíram com um grande trabalho feito, mas que queriam mais, e talvez fosse essa a explicação para aquele cisco no olho que caiu em todos eles.

O que faz esses jogadores saírem daqui chorando com uma saudade que parece não terminar e retornarem com um sorriso de contagiar?

Me lembrei do Dada, do Luizinho, do Euler e do Rei. Todos eles já aposentados e que eu vi os olhos brilharem ao falarem da torcida do Galo, do prazer que tiveram em jogar aqui.

Aí pensei em ter chegado na explicação do meu pai. A “culpa” é da torcida.

Sim, pois ela canta o nome do Dada até hoje, lembra do Luizinho com carinho, fez homenagens para o Euler quando ele jogava contra o Galo e se encanta ao falar do Rei.

Essa torcida que fez o jogador que foi eleito o melhor do mundo por duas vezes chorar ao ser lembrada, por apenas um gesto de solidariedade, e que ganhou juras eternas de amor.

Mas aí, eu lembrei do Luan.

O que leva um jogador que está no clube há pouco mais de seis meses e que ocupava o banco de reservas a chorar ao fazer um gol de empate no México ou contra o Botafogo no Independência?

E o Victor? O que fez o goleiro santo chorar e derramar lágrimas que possivelmente curam o câncer de tão abençoada e sincera emoção?

Será que é realmente só a torcida que faz isso?

Tem momentos que eu acho que sim, mas tem outros que acho que não.

A torcida faz parte, lógico, mas tem algo especial para quem veste o manto alvinegro, algo diferente que faz as pessoas que acreditam e tem fé a dar a volta por cima.

Esse algo que eu também não sei explicar.

Mas que eu sei que você me entende.

Por isso acho que a Cidade do Galo deveria ser estudada para existir uma explicação cientifica, algo que outras pessoas pudessem entender também.


Algo tão forte e contagiante assim tem que ser compartilhado.

Porém, sei que este estudo não ocorrerá. Talvez seja melhor assim. O segredo deve ficar em família. E muito bem guardado.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Promessa é dívida e emagrece - Parte I


Fiz uma promessa caso o Galo fosse campeão da Libertadores: Seria obrigação perder 10 kg e tentar emagrecer 20 kg até o dia 31/12/2013 (Detalhe: O garotinho aqui atualmente está com 104 kg, sendo que tem  1,68 m de altura).

Enfim, a saga começou e infelizmente com uma noticia não muito boa, logo de cara.

Fui ao ortopedista para olhar o pé, pois me machuquei jogando bola há duas semanas. Expliquei como foi, passei pelos exames de praxe e fui encaminhado para fazer raio-x.

- Engraçado, Bruno. Tem certeza que está doendo no lado externo do tornozelo e não no lado interno? Estou te perguntando isso porque a fratura está na parte interna...


Fiquei sem acreditar... Como está fraturado sendo que não está doendo? E o melhor que o próprio médico ficou em dúvida.

- Acho melhor pegar outra opinião. Vou chamar o Dr. Fulano...

20 minutos depois os dois médicos chegam conversando sobre coisa que não tem nada a ver, que me deixou intrigado.

- E aí, rapaz? Beleza?

- Bão.

- E o que é, Dr. Ciclano? Vamos ver... unh...unh...entendo... E não está doendo? Interessante.  Isso é um caso de fratura antiga, nada demais. Apenas uma entorse forte. Coloque gelo, 3x ao dia, tome anti-inflamatório de 12 em 12 horas, use tornozeleira e 10 sessões de fisioterapia.

- Não acha melhor imobilizar?

- Acho que não.

Então, caro leitor, está tudo beleza, não é? Não.

Mas antes vou dar uma parada nessa história para falar da minha dieta.

Estou no 5º dia já.  Recaídas? Talvez uma colherzinha de arroz a mais na terça, ou comer depois das 22h quinta feira, mas tudo naquilo que os profissionais da saúde sugerem.  O pior disso tudo é que nunca pensei que eu comeria pão integral com Polenguinho light, isso é o fim da picada.

A tentativa de comer de 3 em 3 horas  está tenso por causa do serviço, na maioria das vezes não me lembro.

Em resumo, está foda, mas estou conseguindo.

Voltando ao caso “pé do Bruno”. Hoje sexta feira, eu fui à fisioterapeuta. Expliquei a situação para ela. 

- Que isso, não tem condições um negocio desse. Ele era obrigado a te mobilizar. Qualquer fratura deve ser tratada, isso é um absurdo. Olha, eu não vou fazer nada nesse pé seu se você não for num ortopedista especialista em pé mesmo. Existem casos de pés ficarem necrosados por causa de falta de tratamento, sabia?

Então, depois de escutar tudo isso e mais um pouco (sim, eu resumi), o que dizer? A minha situação está complicada. Se fazendo dieta e atividade física já é difícil emagrecer, imagina sem poder dar uma corridinha ou um futebol? 

Tentei de qualquer forma achar um especialista que poderia me atender o mais breve possível pelo meu convênio (golden cross), mas o profissional que achei só tem horário no final de setembro. A minha alternativa é ficar de olho nos plantões de hospitais que tenham meu convênio e ver se terá algum especialista que poderá me ajudar.

Está virando um drama essa minha história, meus amigos...

Chateado.


 Bruno Farnese. Devoto ao Clube Atlético Mineiro. Relações Públicas, filho de Roberto e Kátia. Apreciador de carne e cerveja, odeia azeitona, perder no xadrez do avô ou na peteca da avó. Gosta de tentar escrever nas horas vagas. Reclamações e sugestões? Você pode segui-lo no Twitter @bfarnese ou no Facebook.