Quarta feira, dia 24 de julho de 2013.
Não era um dia qualquer para nós atleticanos, era o
“Dia D”. Quem disse que nós conseguíamos
trabalhar? Quem disse que conseguíamos comer devagar e sem encher o prato? A ansiedade,
meus amigos, estava no topo.
- Bruno, que horas que eu passo para buscar você e o
Guilherme?
- Passa 17h30, temos que tentar estacionar. Será
que a gente leva cerveja ou compramos lá no Peixe mesmo?
- Vamos levar latinha, é melhor. Você está com sua
bolsa térmica aí?
- Não, estou com o cooler, mas será que vamos
conseguir vaga lá? E pra pegar a cerveja no carro? E pra deixar a cerveja no
carro e entrar pro jogo?
- Vamos com calma. Deixa comigo....
15 minutos depois...
- Bruno, fiquei sabendo que não tem jeito de estacionar
nas imediações do Mineirão não. Vamos comprar lá mesmo que é melhor.
- Ok.
Isso porque eram 13 horas apenas e o tempo não
passava. Já tinha lido todas as noticias sobre o jogo, visto todas as reprises
dos programas esportivos e não conseguia trabalhar de jeito nenhum, mesmo
tentando.
- Então Bruno, quanto que fica 04 unidades deste
produto?
- ...
- Bruno... Bruno... tá me escutando?
- Añ? Sim, desculpa Alfredo, viajei aqui. Você quer
04 unidades? Deixa eu ver... 80 reais. Você vai levar agora?
- Hahahaha... Sua cabeça já está lá no Mineirão né,
filho? Entendo perfeitamente. Espero este momento desde 77. – respondeu, me olhando
com os olhos marejados.
- Entendo... Você vai?
- Claro, não perco... Encontraremos lá?
- Tentarei, rsrsrs, pois vai estar lotado né?
Quando deu 16 horas, não agüentei e fui para casa.
- Bruninho, pega as latinhas... vamos levar
,beleza?
- Uai, Lucas, mudou de ideia?
- É melhor. Estou com aquela bolsa térmica véia lá
no carro, qualquer coisa a gente joga ela fora, sem erro.
- Ok, mas essa bolsa térmica é guerreira demais! Quantos
carnavais e jogos do Galo já passamos com ela?
- Hehehehe, verdade. Daqui a pouco eu tô passando
aí! GALOOOOOO!
- GALOOOOOO!
E às 18 horas, estava indo ao estádio Governador
Magalhães Pinto, na qual passei muitos momentos marcantes de minha vida, que
nunca serão apagados.
Começou aquela farra danada, gritaria nas ruas, só
escutávamos “GALOOOO” por todo lado. Eu não era diferente e passava em frente
de estabelecimentos já gritando GALO, afinal, isso faz parte da essência do
atleticano.
Paramos longe, como esperado. Eu com o pé machucado
não estava nem aí e queria era chegar rápido na famosa rua do peixe para
reencontrar os amigos alvinegros.
- Guilherme, cadê a turma?
-Estão lá na esquina...
E o tempo foi passando, aquela festa, aquela
bagunça. Rua de fogo, hino cantado a todo o momento, só atleticano sabe o que
estou falando...
- Vamos entrar?
- BORAAA!!! GALOOOO!!!
- E a bolsa, Bruninho? Joga ai no canto.
- Não, ela é guerreira. Vamos entrar com ela...
Peguei a bandeira da nossa torcida, coloquei dentro
dela e fui em direção ao estádio com os amigos.
Pronto e posicionado para o jogo. Fiquei perto da
bateria enquanto o Guilherme e Lucas ficaram com o pessoal que sempre está
conosco. Algo errado? Talvez para um supersticioso como eu. Já estava me
sentindo desconfortável.
- Ô Ronaldinho! Vamos jogar!
- Ô Tardelli ! Acerta uma!
- Porra Jô! Acorda!
Já não estava mais aguentando aquele bando de
corneteiros. Bando de torcedor modinha que só vai a campo no bem-bão.
#$%¨¨&.
Acabou o primeiro tempo e mudei de lugar, indo pra perto dos amigos. O
clima mudou, ficou mais favorável. (Sim, a gente sente quando você está perto
de gente que não está passando energia positiva ao time).
- GOOOOOOOLLLLLL!!!!!!
Aquela explosão, o Mineirão inflamou. Joguei a bolsa para o alto, não
quis saber de mais nada.
A cada minuto, o jogo foi ficando mais apreensivo e nem lembrava da
bolsa.
- GOOOOLLLLLLL!
Segundo gol... Aquele coro de “EU ACREDITO” ecoava em BH, não consegui
segurar a emoção daquilo tudo. O Filme dramático já estava chegando ao final
com um final feliz desta vez.
Pênaltis, promessas, reza. Tudo valia. Até a hora que o tal do Martinez
correu pra bater.
- NA TRAVE!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O GALO ERA CAMPEAO DA LIBERTADORES DE 2013!
Não estava acreditando, parecia estar em estado de choque. A felicidade
chegava ao ápice de nossas vidas. Eu,
Guilherme e Lucas, olhando para s demais amigos, olhando para aquela massa que
ainda não estava compreendendo que éramos campeões da America. Começamos a
lembrar dos nossos amigos e entes queridos, atleticanos, os vivos e os finados,
que em algum lugar estavam felizes.
Passou o foguetório, a entrega do prêmio, a volta olímpica...
- Vamos embora... Praça Sete lá vamos nós!
Olhei para o lado e pro chão e lá estava a bolsa térmica vermelha,
guerreira, aquela mesma que joguei para o alto sem pensar duas vezes. E da mesma forma que desfiz dela, eu a peguei
de volta, com um sentimento de admiração e apego por um amuleto.
Aquela bolsa guerreira ficará sempre comigo para me lembrar do momento
mágico que eu passei com ela.
Gustavo DBorest, Guilherme Cunha, Lorena, Anne Menezes, Thiago Castro, Bruno Farnese e Lucas Farnese. Galo Campeão!!! |
Texto: Bruno Farnese
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